José Castro Caldas

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    Público

    Em 2018, colaborei com a Nomad, liderando grupos a “Descobrir a América central” com arranque na Guatemala, passagem por El Salvador, Honduras e Nicarágua.

    Antigua é a base por onde se arranca neste “Descobrir a América central” que tenho feito com a Nomad. Portanto, nao é um sitio que alguma vez tenha vivido, mas tenho vindo com recorrência de forma temporária. O interessante disto, é a forma como tenho desconstruído uma primeira perspectiva desta vila e como evoluiu para uma outra interpretação deste sitio que conheço de visita. Viajar é uma passagem superficial pelos sítios que visitamos, qualquer certeza que possamos retirar dessa experiência é sempre baseada no que vemos e experienciamos, ou seja, é suficiente para nos abrir o Mundo e uma noção de contexto, mas longe de nos dar informação suficiente sobre a realidade local.
    Antigua é, a maior parte das vezes em conversas, definido como “turístico” – Definição bastante comum entre conversas sobre viagens, sempre de forma depreciativo, como se devesse logo invalidar um sitio como destino – Se é “turístico” porque tem, de facto, muitos visitantes (internacionais e locais), isso é verdade. Mas se tanta gente partilha o gosto de viajar, isso devia ser exclusivo de alguns? Agora, se é “turístico” pela forma como a vila/cidade se deixa condicionar quase de forma exclusiva pela produção de conteúdo turístico (isso sim, insuportável) é que já não me parece. E é precisamente, ou melhor, é também nisso que Antigua surge como referencia tão interessante. A forma como resiste a apropriação, seja de oferta de actividades turísticas, seja na diversidade programática da cidade que a faz incrível. Lá está, não tenho conhecimento de fundo de como está a especulação imobiliária do centro histórico, mas dá para ver que a oferta é versátil como a sustentabilidade de uma cidade deve ser. Da ultima vez que estive cá, tinha torcido o pé umas semanas antes e andei pelos centros de saúde, fisioterapia, consultas, farmácias e tudo em distancias a pe numa rotina local que existe, é intensa e acima de tudo vive no e do centro. Coexiste com a “invasão turística”.
    A forma Arquitecto/urbano como isso está feito, então, é a minha praia por completo…. Porque não é por ser antigo que se deve preservar, é quando esse património é exemplo e representa um tempo que interessa preservar. Neste caso, individualmente, o valor de cada edifício é relativo, tem piada enquanto referencia de Arquitectura colonial, mas obras de destaque (isoladas) ha poucas – A Arquitectura vale enquanto conjunto, numa escala urbana. A coerência e harmonia do todo, é essencial para o seu valor. É destaque por esta quase resiliência em que se consegue manter actual, em que permite adaptar-se a novos tempos, a novas necessidades, a novas apropriações. Estes edifícios tanto conseguem existir enquanto centro de saude, como um restaurante, como um cabeleireiro. Com muito poucas alterações de fundo. Sem “fachadismos”, ha poucas “intervenções criativas”, poucos exemplares de “queridos mudei a casa” ou “ai é top!” desta vida. É tudo muito mais subtil. Os “premium” – a térmita das reabilitações – também ainda não dão sinal de presença… Já há uns surgimentos de “vintages” (mas esses normalmente não são tão nocivos), pronto.
    Não sei a que custo para a sociedade, quem investe (se é publico ou privado) e que interesses existem, ou planos futuros. De que forma esta evolução esta a ser gerida… Não sei. Do que existe agora, assim, espero que resista.



    Data: 2018